Sol, ritmo circadiano, vitamina D e o Dinacharya do Ayurveda
Um dos aspectos fundamentais do nosso dinacharya (termo utilizado pelo Ayurveda para descrever a nossa Rotina Diária) é o da luz solar.
Algo tão simples como a luz do sol, pode até parecer banal para algumas pessoas, mas a verdade é que os raios solares guardam mais segredos do que você imagina.
No post de hoje eu vou contar alguns dos segredos do ritmo circadiano e da luz solar, além de e explicar para você:
Porque uma cápsula de Vitamina D jamais conseguirá substituir a nossa exposição ao sol;
Qual a relação entre a luz solar e o nosso Ritmo circadiano;
Porque você não deveria substituir seu banho de sol por cápsulas ou comprimidos de Vitamina D.
Efeito cerebral da exposição à lus solar
Vamos falar um pouco sobre a fisiologia envolvida na relação do nosso corpo com a exposição à luz solar. Quando acordamos, pela manhã, a luz do sol é detectada pela retina dos nossos olhos. Esse contato envia uma mensagem a uma região específica do cérebro chamada de núcleo supraquiasmático (NSQ). Essa é uma região situada na base do hipotálamo que que funciona como o nosso relógio mestre (apelidado na lingua inglesa de “Master Clock”).
Isso significa que o nosso núcleo supraquiasmático será o responsável por sincronizar todos os nossos ritmos e nos ajudar a manter um padrão diário de sinalização que se repete a cada 24h.
Ao amanhecer, por exemplo, a exposição à luz do sol faz com que o nosso hormônio melatonina deixe de ser produzido. Em lugar desse hormônio, teremos o aumento da produção do cortisol, que nos ajudará a levantar da cama, ficarmos alerta, despertos e prontos para um novo dia.
Após o sol se por e a luz ambiente diminuir, a melatonina volta a ser produzida e a temperatura do nosso corpo começa a abaixar.
O relógio mestre do nosso ciclo circadiano
O nosso núcleo supraquiasmático (NSQ) age como um maestro de uma orquestra, gerando um pulso temporal regular, a partir do qual todas as bilhões de células do nosso corpo, nos diversos tecidos e órgãos coordenam sua atividade rítmica e se alinha inclusive à rotação da Terra ao longo das 24h.
Sim, nós estamos mais conectados com esse planeta, a natureza, o sol e a lua do que você imagina. Isso não é papo de Namastê-gratiluz. Cientistas de diversas Universidades ao redor do mundo tem dedicado a vida para nos ajudar a compreender melhor todos esses mecanismos. Alguns dos nomes mais proeminentes do estudo do ritmo circadiano incluem:
1) Russell Foster: cientista e autor dos livros O ciclo da vida: Como a nova ciência do relógio biológico pode revolucionar seu sono e sua saúde e Circadian Rhythms: A Very Short Introduction
2) Alain Reinberg Michael H. Smolensky, cientistas e autores do livro The Body Clock Guide to Better Health: How to Use your Body's Natural Clock to Fight Illness and Achieve Maximum Health
O trabalho dessas pessoas nos permite conhecer cada vez mais sobre o nosso próprio corpo, seu funcionamento e a relação com o ambiente. Todos chegando às mesmas conclusões: nossa exposição cíclica ao “claro/escuro” nos mantém sincronizados ao mundo exterior, ajustando o nosso relógio interno diariamente e ao longo das estações do ano.
Dependendo da intensidade e duração da luz solar, as células fotossensíveis da nossa retina irá detectar a luz ambiente e enviará informações, por meio do nervo óptico, ao cérebro sobre a duração do dia e da noite. Dessa forma, nosso corpo consegue se ajustar aos Solstícios de verão (quando a duração do dia/ exposição à luz solar é maior) e Solstícios de inverno (quando a exposição à luz solar é menor/ os dias são mais curtos).
Qual a vantagem de termos um relógio mestre?
Ao longo de milênios, os seres humanos mais adaptamos aos ciclos da natureza conseguiram sobreviver e gerar descendentes. Nosso relógio interno permite que o nosso organismo antecipe certos eventos previsíveis, tais como o ciclo do sono-vigília e o momento que sentimos mais fome, e se prepare para eles.
Os dois hormônios mais conhecidos relacionados com a fome também são um ótimo exemplo para mostrar a importância desse conceito. A leptina (hormônio responsável pela saciedade) tem o seu pico por volta de 2h da manhã e o seu ponto mais baixo ao meio dia.
Dessa forma, quem tem um ciclo circadiano organizado, consegue dormir tranquilo, sem que a fome atrapalhe o sono. Da mesma forma, a pessoa conseguirá ainda comer com maior apetite no almoço (isso por falarmos apenas de um único hormônio, entre tantos outros).
Já a grelina (hormônio responsável por abrir o apetite), terá sua secreção aumentada pelo estômago durante o dia. Isso só comprova aquilo que o Ayurveda já falava há mais de 2 mil anos atrás: o horário de comer é durante o dia.
Já os Yogues jamais se alimentam após o pôs do sol, pois sabem as consequências para o sono, a mente, a disposição física e a capacidade de despertar no melhor horário no dia seguinte (no chamado Brahmamuhurta, período de 1h 36min antes do nascer do sol)
Perturbação do ritmo circadiano
Ritmo circadiano nada mais é do que o nosso relógio biológico: marcando as atividades diárias do nosso corpo ao longo das 24 horas. Esse é um sistema que precisa de organização e precisão para funcionar corretamente. Por isso o apelido “relógio" biológico é tão formidável.
Existe um ciclo e um ritmo na natureza que se soubermos sintonizar poderemos desfrutar de muito mais saúde e bem estar. Se ao acordarmos, nós nos expormos à luz solar, ou simplesmente abrirmos a janela, saírmos na varanda de casa, na sacada do prédio ou no jardim, iremos naturalmente sentir sono mais cedo e dormirmos melhor.
Por outro lado, se demorarmos muito para sair de casa, nos expor à luz do sol, ficarmos trancados a manhã inteira em um quarto escuro, no computador ou assistindo TV esse estímulo não terá o mesmo efeito da luz solar. Nesse caso, iremos demorar mais tempo para sentir sono à noite, atrasando o nosso relógio biológico. Isso pode nos levar a construir um hábito equivocado de dormir cada vez mais tarde e até pensar erroneamente que somos “notívagos”.
Por mais que deitemos mais tarde, os nossos compromissos no dia seguinte muitas vezes irão se manter no mesmo horário. Apenas encurtaremos o nosso tempo de sono e ficaremos mais cansados ao longo do dia.
Entenda, nós precisamos entregar a substância certa, nas concentrações certas, para os órgãos certos, na hora certa do dia. Uma bagunça exterior fatalmente irá refletir em nossa bagunça interna. Já se sabe que essa perturbação afeta até mesmo o nosso humor.
Viver fora de sintonia nos torna vulneráveis, com imunidade mais fraca, com maior risco de câncer, obesidade, diabetes do tipo 2, doenças cardiovasculares e transtornos de saúde mental como a ansiedade e depressão.
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