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Quais os riscos de se utilizar o chá de Ayahuasca

Muito se lê sobre os benefícios da Ayahuasca, mas chegou a hora de contar sobre o lado mais oculto.


Aviso importante

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que respeito toda e qualquer religião. Não estou, de forma alguma, escrevendo esse artigo para atacar quem quer que seja, porém tenho, como médico, o papel de alertar as pessoas sempre que existir um risco relacionado à saúde.


Decidi escrever para equilibrar a balança, pois hoje em dia o que mais vejo são pessoas propagando apenas os benefícios do uso desse chá e minimizando, ou até mesmo, ocultando os casos graves e os riscos inerentes a essa bebida.


Por isso, alguém precisa falar abertamente sobre esse assunto, livre de paixões, apegos ou sectarismos. Esse texto terá uma visão racional e científica sobre a planta. Não tenho qualquer vínculo religioso ou conflito de interesse. Tampouco quero fazer você mudar de opinião, usar ou não usar o chá. Não sou contra, nem a favor do uso de Ayahuasca, por isso, não irei emitir qualquer opinião pessoal ao uso do chá nesse post.


O que as pessoas mais gostariam de saber a respeito dos efeitos indesejáveis da Ayahuasca?

Nesse post eu vou contar, como médico, o que você precisa saber antes de tomar Ayahuasca, o que muda depois que algumas pessoas utilizam a Ayahuasca e a visão de uma psiquiatra em relação à Ayahuasca. Também vou revelar qual grupo de pessoas jamais deveria utilizar Ayahuasca.


Esclarecerei também a respeito de perguntas frequentes que li em comentários na internet, tais como:


  • Quem tem TDAH pode tomar Ayahuasca?

  • Quem tem Ansiedade pode tomar Ayahuasca?

  • Quem tem Transtorno Bipolar pode tomar Ayahuasca?

  • Quem tem Ataque de pânico pode tomar Ayahuasca?

  • Quem tem Esquizofrenia pode tomar Ayahuasca?

  • Quem tem Mania pode tomar Ayahuasca?

  • Quem tem Depressão pode tomar Ayahuasca?

  • Ayahuasca pode levar a morte?

  • Quais os efeitos colaterais da Ayahuasca?

  • Quais os riscos da Ayahuasca?

  • Quem tem Epilepsia pode usar Ayahuasca?

  • Quem tem Hipertensão pode usar Ayahuasca?

  • Quais as possíveis complicações cardíacas do consumo de Ayahuasca?

  • Existe o risco de Psicose induzida pela Ayahuasa?

  • Ayahuasca é um psicodélico?

  • A pessoa pode ter alucinações tomando Ayahuasca?

  • Criança pode utilizar Ayahuasca?

  • É seguro gestante utilizar Ayahuasca?

  • Ayahuasca atravessa a barreira placentária?

  • Qual a opinião dos psiquiatras à respeito da Ayahuasca?


Um século de apropriação cultural e irresponsabilidade

O chá de Ayahuasca virou uma moda no Brasil. Hoje em dia existem diversos perfis de Instagram e YouTube totalmente dedicados a exaltar os espectaculares efeitos da bebida. Encontrar informações a respeito dos efeitos adversos e riscos relacionados ao seu uso foi um trabalho Homérico.


Foram meses busca nas mais diversas fontes de informação: pubmed, google acadêmico, google, livros texto de psiquiatria, conversas com psiquiatras, além claro de assistir aos vídeos e ler os comentários no YouTube e Instagram.


A impressão que tive ao fazer minha pesquisa para escrever esse artigo é que há uma tentativa proposital de esconder e rechaçar qualquer informação pertinente, porém indesejável, relacionada ao uso dessa bebida. Não há apenas uma negação, mas até certa agressividade que permeia os comentários contra quem relata uma experiência negativa. Como se relatar um fato ou pesquisa científica fosse uma ofensa pessoal, importunação religiosa ou discurso de ódio contra minorias. Essa é uma reação esperada e um mecanismo de defesa, porém isso não pode ser um impedimento para a livre discussão sobre o assunto.


Talvez tenham medo de que a bebida se torne ilegal, ou quem sabe seja o pavor de que uma informação desconfortável coloque em cheque algumas crenças muito fortes? Imagine uma pesquisa científica que fale contra tudo aquilo que a pessoa prega há 20 ou 30 anos? Realmente deve ser bastante desconfortável. A verdade é que sempre que alguém tenta relatar um efeito adverso, complicação, surto, mal estar ou irresponsabilidade que aconteceu durante algum retiro de Ayahuasca, essa pessoa recebe uma avalanche de críticas ou comentários desprovidos de compaixão dos seres de luz, tais como:


“Ayahuasca é para todos, mas nem todos são para a Ayahuasca…”,


“Deviam ter feito uma triagem”,


“o problema não foi a medicina e sim você”,


“Não pode tomar se não preparou direito”,


“É você que está muito apegado aos velhos hábitos”,


“Ayahuasca não é para os fracos”,


“Você devia ter tomado uma dose menor”,


“Falou um monte de abobrinha, revoltado pela perda do filho. Tomo a mais de 20 anos e nunca tive problema algum”,


“Conheço pessoas que tomam a 30, 40 anos sem problemas”,


“Eu tomo e nunca aconteceu nada de ruim comigo”,


“Não é droga meu anjo, faço uso desde criança, toda minha família usa, só houve benefícios”,


“Conheço várias pessoas que pararam de usar drogas pesadas depois de fazer uso do chá de Ayahuasca”.


Todos esses relatos são reais e extraídos de comentários de vídeos de YouTube e Instagram.

O fato é que qualquer comentário relatando algum risco, problema ou efeito adverso advindo do uso do chá gera uma extrema irritação nos usuários mais apaixonados. Contudo, uma chuva torrencial de comentários como esse jamais conseguiriam invalidar ou desqualificar os inúmeros casos de problemas já documentados.


Depois de muito tempo tentando conversar de forma racional com as pessoas que utilizam o chá eu cheguei a conclusão que é uma conversa infrutífera. Como disse Purnavasu Atreya, no livro Caraka Samhita Não se atinge o verdadeiro conhecimento sem se evitar o viés por um aspecto parcial da verdade.


Ayahuasca pode ter aspectos positivos? Sim, com certeza.


Ayahuasca tem aspectos negativos e perigosos? Sim e muitas pessoas carregadas de conflitos de interesse não querem que esse assunto venha à tona.


Por isso, esse texto será direcionado, principalmente, para as pessoas que nunca tomaram Ayahuasca.


Afinal, que tipo de droga é a Ayahuasca?

A definição da palavra “droga" na língua portuguesa, segundo o dicionário on-line priberam é:

"Substância que age sobre o sistema nervoso central, que pode modificar o estado de consciência e que geralmente causa habituação e danos físicos ou psíquicos”.

Ayahuasca age sobre o sistema nervoso central? Sim.


Ayahuasca pode modificar o estado de consciência? Sim.


Ayahuasca causa habituação? Sim. Ayahuasca pode levar à tolerância em algumas pessoas, ou seja, seu efeito pode diminuir ao longo do tempo e levar algumas pessoas a precisarem de doses cada vez maiores para se atingir o efeito desejado. Não é a regra, mas pode acontecer. Há relatos sobre isso.


Esse fenômeno que pode acontecer, por exemplo, com uma pessoa que toma café e passa a sentir necessidades de doses cada vez maiores para espantar o cansaço. É um efeito que depende da forma como cada organismo metaboliza uma determinada substância. Não se trata de uma ofensa a uma planta sagrada, mas apenas um fato possível e verificável.


Tolerância medicamentosa é o termo médico utilizado para se referir ao fenômeno da diminuição do efeito de uma medicação por exposição excessiva do paciente ao seu princípio ativo.


Traduz-se, na prática, pelo uso de dosagens cada vez maiores do mesmo medicamento para se obter os mesmos resultados comumente relacionados às dosagens padrão. Isso não acontece com uma ou duas doses, mas passa a ser extremamente provável com o uso crônico. Isso é comum e há inúmeros relatos, ainda que não existam estudos em humanos comprovando isso.

A verdade é que existem poucos estudos científicos sérios e bem conduzidos à respeito da Ayahuasca de uma forma geral.

Não é somente a quantidade escassa de artigos sobre Ayahuasca que é preocupante, mas os possíveis conflito de interesse não declarados. Suponhamos que os autores do estudo façam parte de uma Seita que consome o chá de Ayahuasca, eles deveriam declarar isso no artigo publicado, pois existe uma grande possibilidade de que exista um viés na seleção dos participantes, na condução do estudo, na análise dos resultados, na omissão de resultados desfavoráveis e tantos outros vieses.


Alguns artigos falam sobre a Ayahuasca de forma tão apaixonada que nem parece ciência, mas propaganda. Essas são distorções que não deveriam ocorrer e que poderiam ser evitadas.


Concluindo, a Ayahuasca pode levar a danos físicos ou psíquicos? Sim, pode levar a danos no sistema cardiovascular, pode desencadear surto psicótico em pessoas susceptíveis, pode levar a transtornos psiquiátricos em pessoas sem qualquer antecedente de doença mental e até piorar quadros psiquiátricos preexistentes.


Levando tudo isso em consideração, sim, a Ayahuasca pode ser chamada de droga. Tanto é uma droga que o próprio Conselho Nacional de Políticas Sobre Droga (CONAD) publicou uma resolução para o uso religioso de Ayahuasca.


Como o Neo-xamanismo e o turismo psicodélico se apropriaram de um ritual indígena tradicional da América do Sul?

O chá de Ayahuasca é utilizado há milênios por índios da América do Sul em rituais religiosos. Tradicionalmente, a única pessoa da tribo que utilizava o chá de Ayahuasca era o Pajé, líder religioso e também responsável pela saúde coletiva. Contudo isso se modificou recentemente.


Pajé é aquele que exerce a função de curandeiro e conselheiro. É uma mistura de feiticeiro, médico e sacerdote. Ele seria o único membro da tribo que entraria em contato com a experiência proporcionada pelo chá para trazer uma solução para um problema apresentado por alguém.


Contudo, foi só no século passado que surgiram seitas não indígenas que passaram a fazer uso da bebida de forma coletiva, na forma de rituais pagos, carregados dos mais diversos tipos de sincretismo. Há uma infinidade grupos que misturam o uso da bebida às práticas da umbanda, espiritismo, xamanismo e até cristianismo.


Atualmente, cultos religiosos como o Santo Daime, Céu de Maria, Porta do Sol e União do Vegetal têm o consumo da bebida como ritual permitido no Brasil pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Droga (CONAD).


Hoje em dia não é apenas o Pajé que faz uso do chá, mas qualquer pessoa que faça parte do grupo. Isso aumenta o número de pessoas expostas a uma substância com ações sobre o sistema nervoso central, imune, cardiovascular e hormonal. Ao mesmo tempo, aumenta também a probabilidade de ocorrerem efeitos adversos indesejáveis que irei relatar logo abaixo.


Com o aumento do número de pessoas utilizando o chá é esperado que a quantidade de relatos aumente cada dia mais. Ainda que possam existir locais em que o uso do chá é feito com um pouco mais de responsabilidade e parcimônia, hoje em dia qualquer pessoa pode comprar o cipó e as folhas do arbusto na internet e utilizar o chá da forma que bem entender (ainda que a comercialização seja proibida). Não existe uma vigilância séria que esteja atenta a esse comércio e tão pouco aos inúmeros relatos de efeitos adversos que surgem todos os dias.


Enquanto escrevia esse texto apareceu no goggle um site que vende 1 litro de chá de Ayahuasca pronto por R$ 450,99. Nem precisei buscar onde comprar e já apareceu um site oferecendo. Qual não deve ser a facilidade para que qualquer pessoa consiga ter acesso a bebida?


Desvendando os riscos e efeitos adversos já documentados

A cada dia mais os casos complicados estão sendo relatados por psiquiatras, terapêutas, médicos, colegas e familiares de pessoas que utilizaram o chá de Ayahuasca. Ainda que a literatura científica atual ainda esteja engatinhando, os riscos graves e de difícil tratamento das sequelas exigem que essa informação seja mais divulgada.


Vamos falar agora de alguns dos riscos já documentados pela comunidade científica atual.

Surto psicótico induzido pelo consumo de Ayahuasca

Surto psicótico induzido pelo consumo de Ayahuasca em pessoas sem antecedentes psiquiátrico

Talvez o efeito adverso mais temido seja o surto psicótico induzido pelo consumo de Ayahuasca dentro de uma cerimônia religiosa. O fato é que uma vez alterada a neurotransmissão, a bebida alucinógena pode funcionar como gatilho para o desenvolvimento de psicoses.


Esse relato de caso da revista acadêmica British Medical Journal fala sobre um homem previamente saudável que não apresentava quaisquer fatores de risco ou história prévia de quadros psiquiátricos. Após o uso controlado de Ayahuasca ele desenvolveu sintomas persistentes e duradouros de psicose, durante o qual ele agrediu fisicamente um familiar e precisou ser internado em uma unidade psiquiátrica forense.


Nesse outro Case Report há o relato de uma mulher de 43 anos também sem qualquer história prévia de doenças psiquiátricas ou neurológicas que foi admitida na Unidade de Terapia Intensiva após apresentar episódios de convulsões tonico-clônicas com necessidade de intubação oro traqueal.


Após estabilização e extubação a equipe de psiquiatria foi chamada para avaliar a paciente, pois ela estava apresentando alucinações cinestésicas. Essas alucinações eram descritas como aumento da sensibilidade aos campos eletromagnéticos ao seu redor. A paciente estava convencida de que sua “energia vital” estava sendo drenada por esses campos. Também apresentava atraso na fala, bloqueio de pensamentos e diminuição do humor, o que atribuiu à ação desses campos.


Todos esses sintomas apareceram depois que ela recuperou a consciência da crise convulsiva e persistiram pelos próximos 3 dias antes da avaliação feita pelos pesquisafores. A paciente descrevia ingestão de 3 doses de Ayahuasca ao longo dos últimos 3 meses, sempre dentro do contexto ritualístico. A última ingestão ocorrera 3 dias antes do episódio que motivou o encaminhamento ao departamento de emergência.


A paciente também negava uso de outras substâncias e nenhum outro gatilho para desencadear o episódio convulsivo foi encontrado. Ela foi tratada com Risperidona 2mg/dia durante 1 semana e apresentou melhora dos sintomas. Antes da alta foi avaliada pela equipe de neurologia, que deu alta por não apresentar quaisquer sequelas neurológicas.


O fato dessa paciente não ter história prévia de transtornos mentais e a ação rápida no departamento de emergência parece ter justificado a resolução mais rápida após a medicação.


Observe que nesses dois relatos publicados em revistas médicas indexadas, os pacientes não apresentavam quaisquer sintomas psiquiátricos antes do uso do chá de Ayahuasca.

Quando alguém na internet comenta que algum conhecido ou parente teve um surto psicótico, virada maníaca, piora da ansiedade, pânico ou depressão sempre tem um infeliz para comentar que a pessoa prejudicada “deveria ter passado pela anamnese”… Essa resposta é um absurdo em vários níveis que será preciso enumerar:


  1. Será que a pessoa responsável pela tal “anamnese" realmente tem a mesma capacidade diagnóstica de uma pessoa que estudou 6 anos de medicina e 3 de residência de psiquiatria? 
Óbvio que não.


  2. Na prática, essa chamada “anamnese” pode até fazer certa triagem e evitar que pessoas que já estejam com problemas psiquiátricos sérios entrem em contato com o chá, mas e as pessoas que não apresentam quaisquer transtornos mentais e ainda assim estão em risco? 
Por mais que a triagem possa selecionar e evitar alguns casos, ainda existe um grupo de pessoas sem qualquer antecedente ou história prévia de transtorno psiquiátrico que poderá ter um surto psicótico.
 Esse risco está sendo avisado?

  3. Agora vamos supor que essa pessoa da triagem (que não é médica) tenha feito uma "consulta" e considerou que o indivíduo estava apto para ingerir o chá. Quem garante que ele não terá um surto psicótico? 
Ninguém pode garantir isso. Essa é a verdade. Ainda que essa triagem seja feita por médicos psiquiatras. Esse é o risco inerente da substância. Assim como a bula de qualquer remédio existe uma lista dos efeitos adversos possíveis, do mais comum até o mais raro, o uso de Ayahuasca deveria ser precedido de um estudo cuidadoso dos riscos e benefícios. É por isso que esse texto está sendo escrito.


  4. Outro ponto importante é o seguinte. Supondo que a pessoa passou pela triagem, tomou o chá e teve um surto, será que a mesma pessoa que fez a consulta terá condições de discernir o que é efeito alucinatório do próprio chá ou um surto psicótico? Será que os responsáveis pelo retiro irão chamar o SAMU ou será que irão tratar da mesma maneira que o ator Micael Amorim, que teve um surto psicótico e foi “tratado" com rapé e veio a falecer?


  5. Em alguns casos de surto psicótico a pessoa se torna violenta e pode colocar em risco a segurança de todos as pessoas do retiro, que estarão bastante vulneráveis pelos efeitos alucinógenos do chá. Será que os responsáveis pelo centro irão chamar a polícia também para ajudar a conter a pessoa em surto ou irão tentar resolver tudo por ali mesmo, sem chamar muita atenção nem deixar o babado escapar para a imprensa?


  6. Em alguns casos a pessoa pode apresentar o surto psicótico 2 a 3 dias após o uso do chá de Ayahuasca. Nesse caso, será que os responsáveis pelo retiro irão acolher, acompanhar e encaminhar o doente para receber atendimento na urgência de algum hospital ou vão falar que “são só crenças limitantes e zona de conforto por não aceitar a medicina da Ayahuasca?” como já li em alguns relatos? Será que terão a decência de saber os próprios limites da área de atuação?


  7. Em geral erros, negligência e despreparo trabalham sempre em grupo. Uma pessoa que não é capaz de triar corretamente os mais susceptíveis também pode não ser capaz de oferecer a dose ou concentração correta de chá para cada pessoa, se é que existe algum controle disso.


  8. Nessa revisão sistemática os pesquisadores deixam claro que há uma subnotificação dos eventos adversos relacionados ao uso de Ayahuasca até mesmo nos estudos científicos. Se nos estudos há essa minimização e subnotificação imagine dentro de uma seita, grupo religioso, congregação? Imagine a quantidade de absurdos que acontece em retiros afastados da cidade? Onde a autoridade na prática e ao menos por algumas horas não é mais o estado?


Essas questões precisam ser levantadas para que os centros ou religiões que promovam esses rituais se responsabilizem pela continuidade no tratamento dessas pessoas, pelo encaminhamento correto e oportuno, pelo não abandono, pela negligência, imprudência e imperícia que por ventura venham a cometer. Inclusive é muito comum que os participantes precisem assinar um termo isentando o centro de qualquer responsabilidade.


Contudo, a partir do momento que uma pessoa é admitida para uma instituição e a ela é oferecida uma substância alucinógena com potencial para desencadear um surto psicótico, a responsabilidade pelo cuidado é toda dos dirigentes sim e essa tentativa de se esquivar da parte de alguns é bastante comprometedora e suspeita.


Surto psicótico induzido pelo consumo de Ayahuasca dentro de uma cerimônia religiosa

O fato de se utilizar o chá de Ayahuasca dentro de um contexto religioso não torna essa prática mais segura. Nesse Relato de Caso publicado pela Revista de Debates em Psiquiatria é contada o história de uma jovem de 35 anos, membra da União do Vegetal que fez uso de Ayahuasca dos 26 aos 32 anos e foi admitida no pronto socorro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo com quadro de isolamento social, prejuízo do autocuidado, emagrecimento importante e delírio bizarro iniciado há 3 anos, com piora gradual.


Durante a internação dessa moça foi feito o diagnóstico de esquizofrenia e ela chegou a ser tratada com eletroconvulsoterapia. Assim como nos outros casos citados acima, ela não apresentava história psiquiátrica pessoal ou familiar prévia. Ela negava o uso de substâncias químicas ou medicamentos de uso contínuo. Não apresentava quaisquer comorbidades. Ou seja, era uma pessoa normal e saudável até utilizar a Ayahuasca.


A mãe referia que a paciente sempre fora uma pessoa sociável, sempre teve muitos amigos e gostava de frequentar festas. Teve um bom desenvolvimento neuropsicomotor na infância e desempenho escolar normal. Era graduada em administração de empresas.


A revisão de prontuário mostrava que ela possuía duas internações prévias em enfermaria psiquiátrica: a primeira aos 32 e a segunda aos 33 anos, durante 4 meses. Nos encaminhamentos constava como hipótese diagnóstica: depressão grave com sintomas psicóticos e transtorno obsessivo-compulsivo.


Nessa última internação descrita no artigo ela foi reavaliada e alterou-se a hipótese diagnóstica para esquizofrenia paranóide segundo os critérios do DSM-IV. Foram tentados diversos tratamentos medicamentosos e nenhum apresentou o efeito desejado.


O quadro só melhorou substancialmente após a paciente iniciar Eletroconvulsoterapia (ECT) duas vezes na semana durante 5 meses. Também utilizou concomitantemente quetiapina (com aumento gradual da dose até 600mg). Então a paciente, que se recusava a comer, conseguiu voltar a cuidar da sua higiene pessoal, se alimentar sem sonda e ganhar 10 kg.


Após toda essa situação, o que seria esperado? Que ela nunca mais voltasse a utilizar o chá de Ayahuasca. Porém não foi isso que aconteceu. Após a alta a paciente continuava sem noção da própria doença, resistente a utilizar a medicação prescrita pelo psiquiatra e mantinha o uso ritualístico de Ayahuasca. Esse padrão de comportamento trás a tona uma outra questão também muito importante: existe ou não o vício de Ayahuasca?


Ayahuasca vicia?

Apesar de não haver evidencia de dependência química, discute-se bastante entre os pesquisadores a possibilidade de ocorrer uma dependência psicológica. Ou seja, o usuário quer experimentar as sensações que a bebida proporciona e passa a fazer uso cada vez mais frequente e isso aumenta a possibilidade de efeitos adversos físicos e psicológicos.


No caso dessa paciente publicado pela Revista Debates em Psiquiatria, os médicos sabiam que havia o risco de recaída e uso concomitante de Ayahuasca com os medicamentos prescritos, por isso decidiram suspender o uso de clomipramina (um antidepressivo tricíclico).


Devido ao contexto religioso ter sido costurado ao longo de anos pelos usuários do chá, muitas pessoas não conseguem associar seu uso à qualquer manifestação desagradável. Muitos preferem manter um sentimento idealista de que “se é natural, não faz mal” ou “se é usado há milhares de anos, todo mundo pode usar que faz bem”, "é a medicina da floresta que cura tudo".


Dessa maneira, a pessoa pode sentir vontade de continuar experimentando as mesmas sensações agradáveis promovidas pelo chá e isso faz com que ela utilize continuamente a bebida, ao mesmo tempo que tende a ignorar ou minimizar os efeitos adversos que ocorrem pelo caminho. Algumas pessoas chegam a utilizar semanalmente, outras uma vez por mês, mas ainda assim, isso não é o suficiente para se afirmar (ao menos do ponto de vista médico) que sejam viciadas.


Uso de Ayahuasca em pessoas com dependência química

Nesse outro relato de caso da Revista colombiana de psiquiatria, um homem com história de uso de cocaína apresentou sintomas psicóticos persistentes após o uso do chá de Ayahuasca.


Outros casos de sintomas psicóticos induzidos pelo uso de ayahuasca/DMT foram descritos em case reports como esse citado. Na maioria das vezes, o paciente tinha história prévia de algum transtorno mental prévio (tais como episódio de psicose prévio) uso de substâncias alucinógenas ou ambos.


Uso de Ayahuasca em pessoas que apresentam Transtorno Bipolar

Nesse outro case report publicado pela revista científica International Journal of Bipolar Disorders, um homem com transtorno bipolar apresentou episódio de mania após o consumo de Ayahuasca em um ritual.


Nos comentários que li na internet e nos relatos de terapêutas e psiquiatras, a crise de mania foi um dor sintomas mais prevalentes observados nos relatos nos comentários, junto com o surto psicótico. Assim como existe o risco de virada maníaca em pessoas que utilizam antidepressivos duais, como a venlafaxina e os antidepressivos tricíclicos (ADT), o consumo do chá de Ayahuasca pode ter esse mesmo efeito adverso.



Uso de Ayahuasca pode levar a uma Síndrome Serotoninérgica em pessoas que utilizam medicamentos antidepressivos

Há ainda o risco de desenvolvimento de Síndrome Serotoninérgica após o uso de Ayahuasca.

A síndrome serotoninérgica é uma reação a algum medicamento (ou substância) com repercussões potencialmente fatais e que costumam provocar uma temperatura corporal alta, espasmos musculares e ansiedade (e/ou delírio).


Nesse relato, uma mulher de 31 anos ingeriu Ayahuasca pela primeira vez (durante 2 dias consecutivos em dose desconhecida) e precisou ser encaminhada para a emergência por apresentar diarreia, náusea, palpitações, tremores nas mãos, alucinações visuais zoomórficas e antropomórficas, ideação alucinatória do tipo mística e persecutória, ansiedade e sudorese com duração de 5 dias. No exame físico apresentava midríase, nistagmo horizontal, hiperreflexia, e clônus bilateral no tendão de Achilles.


Nos exames laboratoriais apresentava aumento importante dos níveis de CPK, indicando rabdomiólise.


É importante lembrar que esse é um quadro com risco de vida e necessidade de internação hospitalar, e pode necessitar de tratamento com benzodiazepínicos, haldol, levomepromazina e ciproheptadina. O uso de antipiréticos como paracetamol ou dipirona não tem serventia para o controle da febre nesses casos.


A pergunta que fica é: qual seria o destino de alguém com um quadro semelhante no meio da floresta amazônica?


Contra-indicações absolutas ao uso de Ayahuasca

  1. Antecedentes pessoais ou familiares de esquizofrenia ou surtos psicóticos.

  2. Antecedentes de Transtorno Bipolar / mania independente do tratamento não devem se submeter a esse tipo de substância por conta do risco de hiperexcitação do sistema nervoso levando a crises de ativação (episódios maníacos) e de psicose.

  3. Uso de ISRS (a combinação por exemplo, de fluoxetina e Ayahuasca pode levar ao coma e até mesmo à morte, por isso recomenda-se um intervalo de pelo menos 5 semanas entre a interrupção do medicamento antidepressivo e o uso do chá), ou iMAO. Quem usa antidepressivo jamais deveria utilizar ayahuasca, pois a substância inibe a degredação dos neurotransmissores (serotonina, nora e dopa) levando a uma sobrecarca do sistema de neurotransmissão cerebral podendo até ser fatal (levando a crises serotoninergicas com crise hipertensiva, vomito, diarreia, hipotensao e febre).

  4. Doenças graves no fígado (hepatite, cirrose, esteatose), doença renal crônica.

  5. Doenças cardiovasculares (hipertensão, IAM), dores de cabeça frequentes ou de forte intensidade, doenças cérebro vasculares.

  6. Misturas potencialmente deletérias: lítio, mescalina, álcool, ISRS, erva de são joao, descongestionantes, antialérgicos, antihipertensivos, anfetaminas, opiáceos, medicamentos para problemas respratórios.

  7. Evitar pelo menos 48h antes e 48h depois de tomar o chá: camomila, cúrcuma/ curcumina funcho, erva mate, noz moscada, alcaçuz.

  8. Pode haver interação com benzodiazepínicos e antihistamínicos, potencializando os efeitos sedativos.


Por que é preciso tomar cuidado com o uso de Ayahuasca?

Ninguém que está bem mentalmente vai procurar o chá de Ayahuasca. Geralmente são pessoas em busca de conforto para a própria alma, pessoas que não se enquadraram bem na sociedade, revoltados contra o sistema, contra a própria família, vítimas de abusos, vítimas de traumas graves, rejeitados, viciados, desempregados e insatisfeitos com a própria existência.


Muitos dos que procuram o chá estão em busca do alívio desses e de outros dissabores da vida. Porém não existe atalho para os nossos traumas e problemas. Pensamentos desconfortáveis não são digeridos do dia para a noite. Um padrão mental doentio não se dissolve com alguns goles de chá. Na vida real isso não acontece. Ainda que existam histórias bonitas e folclóricas à respeito.


Em um planeta com 8 bilhões de pessoas, nada pode ser bom para todo mundo o tempo todo. Nada é tão perfeito que não possa ter bases frágeis.


A ideia do post não é demonizar a Ayahuasca, mas sim ter uma conversa aberta e honesta sobre quem talvez possa se prejudicar ao utilizar a Ayahuasca. Definir algumas contra-indicações que já estão bem descritas na literatura científica atual, desmistificar mitos que são frequentemente repetidos pelos usuários e coordenadores desses rituais.


Espero que tenha sido esclarecedor e agora você possa ter a liberdade de escolher o caminho que deseja seguir com um pouco mais de conhecimento e quem sabe sabedoria.


Para finalizar, gostaria de indicar um livro interessantíssimo de um médico chamado Gabor Maté que fala a respeito dos vícios:



Respondendo todas as suas dúvidas sobre Ayahuasca

Em resumo, a resposta para todas aquelas perguntas do início desse artigo:



Vamos começar pelas 6 primeiras:


Quem tem TDAH pode tomar Ayahuasca?

Não há estudos o suficientes para indicar Ayahuasca para essa condição. Os ríicos superam os benefícios teóricos.

Quem tem Ansiedade pode tomar Ayahuasca?

Não. Pode inclusive piorar a ansiedade.

Quem tem Transtorno Bipolar pode tomar Ayahuasca?

Não. Os riscos superam os benefícios teóricos.

Quem tem Ataque de pânico pode tomar Ayahuasca?

Não. Pode ser inclusive um gatilho para a crise.

Quem tem esquizofrenia pode tomar Ayahuasca?

Não. Risco de surto psicótico como já comentado acima.

Quem tem mania pode tomar Ayahuasca?

Não. Risco de agravar o quadro, como já citado anteriormente.


Em nenhum desses casos o uso do chá de Ayahuasca se mostrou seguro, benéfico ou superior ao placebo.


"E no caso de depressão? Já ouvi falar que tem estudo mostrando que é bom” alguns podem dizer.

Existem poucos estudos, com poucas pessoas e não podem ser considerados suficientes para afirmar que o chá deva ser consumido por pessoas que tenham depressão. 
Esse estudo, por exemplo, mostrou que a Ayahuasca não foi melhor do que o placebo para melhorar sintomas de depressão, ansiedade ou estresse.


Segundo os autores desse estudo, os efeitos benéficos atribuídos ao uso do chá de Ayahuasca parecem ser devidos mais ao contexto cerimonial e ritualístico do que pelo efeito farmacológico da bebida em si.


O uso cerimonial reune um grupo de pessoas que pensam da mesma maneira e que esperam um determinado efeito. A expectativa e a crença acerca de algo fortalece e muito o efeito placebo. Sendo assim, caso todo o ritual fosse feito, as pessoas bebessem qualquer outro chá e apenas o pajé tomasse o chá de Ayahuasca o efeito sobre a depressão seria o mesmo. Para muitas tradições indígenas não é necessário que os participantes consumam a Ayahuasca.



Ayahuasca pode levar a morte?

Sim. Há alguns casos já de domínio público sobre esse assunto. Recomendo a leitura do livro "Relatos" em que a autora Márcia Monteiro Brito (mais conhecida pelo nome artístico de Brita Brazil) compartilha a destruidora experiência de 43 vítimas do Ayahuasca (Santo Daime), sendo 3 fatais. Ela recebeu mais de cem relatos diretamente das vítimas, ou de seus familiares, e selecionou esses 43, para que o público se conscientizasse dos perigos do Ayahuasca.


A autora do livro, mais do que ninguém, tem seu lugar de fala, uma vez que teve o dissabor de perder o próprio filho para as complicações advindas do uso do chá de Ayahuasca.


Quais os efeitos colaterais da Ayahuasca?

Alguns dos efeitos iniciais comuns da ayahuasca são: vertigens, náuseas, vômitos intensos, diarréias, palpitação, taquicardia, tremores, midríase, euforia e excitação agressiva.


Dentre os efeitos alucinógenos mais comuns, destaca-se: alucinações visuais com animais, a comunicação com divindades ou demônios e o vôo pelos ares a lugares distantes. Lembrando que esses a efeitos visuais podem se incorporar os elementos da mitologia religiosa dos integrantes do grupo e daquele que consome a bebida.


Quais os riscos da Ayahuasca?

  • Risco de desenvolvimento de surto psicótico até mesmo em pessoas assintomáticas e sem qualquer histórico prévio de doenças mentais.

  • Risco de piora de quadros de ansiedade, depressão e mania.

  • Risco de toxicidade materno-fetal identificado em ratas com restrição do crescimento intra-uterino, podendo levar a danos no fígado e nos rins, bem como deformidades na formação óssea e em vísceras abdominais.

  • Risco de desenvolvimento de síndrome serotoninérgica.

  • Risco de dano renal.

  • Risco de dano hepático.

  • Risco de complicações cardiovasculares como AVE, IAM e crise hipertensiva.

  • A associação de Ayahuasca com antidepressivos pode levar ao coma e até mesmo à morte.

  • Risco de crise convulsiva.


Quem tem epilepsia pode usar Ayahuasca?

Não. Já está documentado que pessoas com história prévia de epilepsia podem apresentar episódios de crise durante o uso da bebida.


Quem tem hipertensão pode usar Ayahuasca?

O uso da bebida pode aumentar a pressão arterial.


Quais as complicações cardíacas da Ayahuasca?

Pode aumentar a pressão arterial, frequência cardíaca, levando a arritmias e descompensações de doenças prévias como fibrilação atrial e insuficiência cardíaca.


Existe o risco de psicose induzida pela Ayahuasa?

Sim.


Ayahuasca é um psicodélico?


Sim.


A pessoa pode ter alucinações tomando Ayahuasca?

Sim.


Criança pode utilizar Ayahuasca?

Para o CONAD o uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC);


Não há nenhum estudo que garanta que isso seja seguro, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) apenas está passando a responsabilidade e decisão sobre isso aos pais da criança. Como médico, só posso dizer que a ingestão de uma substância com efeitos alucinógenos, em concentração desconhecida, por uma criança de seis anos e cinco meses de idade, exige no mínimo cautela.


Baseado em tudo o que você já leu até aqui, você acha que criança deveria utilizar a Ayahuasca?


É seguro gestante utilizar Ayahuasca?

Não. Estudos em ratos (esse e esse) já demonstraram que a bebida atravessa a barreira placentária e pode afetar diversos tecidos do embrião/feto, levando a má formações, alterações no crescimento e desenvolvimento dentro do útero.


O grupo de ratas Wistar do estudo que usou Ayahuasca apresentou menor peso e ingestão de comida. Houve aumento no peso do fígado, que pode representar hepatotoxicidade, uma vez que o fígado é o responsável pela metabolização do DMT.


As principais má formações foram relacionadas ao sistema ósseo e visceral. A redução no peso fetal foi um indicador claro de restrição do crescimento intrauterino associado ao uso de Ayahuasca.

Houve ainda má formação cerebral levando a dilatação anormal do terceiro ventrículo.


Ayahuasca atravessa a barreira placentária?

Sim. Ayahuasca atravessa a placenta e apresentou efeitos teratogênicos em ratas Wistar.


Qual a opinião dos psiquiatras à respeito da Ayahuasca?

Não há consenso entre os psiquiatras à respeito do uso de Ayahuasca. Para a psiquiatra Carla Bicca, da Associação Brasileira de Psiquiatria, em um artigo da UOL, o uso indiscriminado da bebida é preocupante e pode gerar mais risco do que benefícios. A falta de controle e padronização nas preparações torna difícil garantir a segurança das pessoas que a utilizam. Ela também vê com grande preocupação a segurança do local em que a bebida será ingerida e se os dirigentes terão capacidade de resposta rápida e efetiva frente a um surto psicótico violento. Não se pode prever o que vai acontecer durante um ritual.


Outro alerta que a psiquiatra faz é sobre o transtorno de percepção persistente (ou flashback) que pode ocorrer vários meses após o consumo do chá. Isso pode ocorrer até mesmo em pessoas que utilizaram uma única vez. É uma reação que o indivíduo tem como se estivesse vivendo de novo a mesma experiência, como se tivesse acabado de tomar a Ayahuasca e isso não tem aviso prévio. Pode acontecer dias, meses ou anos depois, dependendo da droga e do cérebro de quem ingeriu.


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  10. Oliveira, C.D.R., Moreira, C.Q., de Sá, L.R.M., de Souza Spinosa, H. and Yonamine, M., 2010. Maternal and developmental toxicity of ayahuasca in Wistar rats. Birth Defects Research Part B: Developmental and Reproductive Toxicology, 89(3), pp.207-212.



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Olá, que bom ver você por aqui!

Sou Dr. Alfio Sampieri, meu propósito com esse blog é compartilhar o conhecimento daquilo que é essencial quando falamos de saúde. Por isso apelidei o que faço de Medicina Minimalista. Vivemos em uma era de abundância de conhecimento, contudo ao mesmo tempo somos bombardeados por um excesso de produtos, coisas e informações irrelevantes e por vezes prejudiciais. Assim como você, um dia já me perguntei se aquele suplemento famoso ou medicamento de última geração eram realmente necessários para minha saúde e de meus pacientes. Por isso, meu compromisso é compartilhar tudo o que descobri nesse caminho com verdade e transparência. 

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