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Os Sete Upadhatus Segundo Sharangdhara Samhita

O Sarangadhara Samhita é um importante texto clássico do Ayurveda, escrito por Acharya Sharangdhara no século XIII. Ele é amplamente reconhecido por sua contribuição única à medicina ayurvédica, especialmente no que diz respeito à farmacologia, diagnóstico e a preparação de medicamentos. Embora o texto seja posterior a outros Samhitas mais antigos, como o Charaka Samhita e o Sushruta Samhita, o Sarangadhara Samhita é valorizado por sua abordagem prática e concisa.


Estrutura e Conteúdo

O Sarangadhara Samhita é dividido em três seções principais, chamadas de Khandas:


Prathama Khanda (Primeira Parte): Trata de conceitos fundamentais da fisiologia ayurvédica, descrevendo a constituição humana em termos de Doshas, Dhatus, Upadhatus, e Mala (produtos residuais que são eliminados do corpo). Esta seção também fala sobre o diagnóstico de doenças por meio do exame de pulso (Nadi Pariksha), o que fez do texto uma referência em métodos diagnósticos.


Madhyama Khanda (Parte Intermediária): Focada na farmacologia e preparação de medicamentos ayurvédicos, esta seção descreve detalhadamente a criação de fórmulas terapêuticas, incluindo Rasa Shastra (uso de metais e minerais na medicina ayurvédica). Ela também fornece instruções sobre a criação de medicamentos à base de plantas e outros remédios que ainda são utilizados.


Uttara Khanda (Parte Final): Trata das terapias e tratamentos para doenças específicas, oferecendo uma visão sobre a aplicação prática dos conhecimentos abordados nas seções anteriores. Também discute os diferentes tipos de procedimentos terapêuticos, como Panchakarma, e as dietas apropriadas para cada condição.


Contribuições Únicas

Nadi Pariksha: Uma das contribuições mais significativas do Sarangadhara Samhita é a ênfase no diagnóstico por meio da palpação do pulso, que é uma prática comum no Ayurveda moderno.

Rasa Shastra: O texto também é notável por detalhar o uso de metais e minerais na preparação de medicamentos, um ramo especializado da farmacologia ayurvédica.

Farmacologia Simplificada: Enquanto outros Samhitas frequentemente se concentram em aspectos teóricos, o Sarangadhara Samhita é conhecido por sua abordagem prática e pela clareza com que instrui sobre a preparação de remédios.


Importância Atual

O Sarangadhara Samhita continua a ser uma referência fundamental no ensino e na prática do Ayurveda, especialmente para aqueles interessados na preparação de medicamentos e no diagnóstico através do pulso. A simplicidade com que apresenta tópicos complexos o torna acessível para estudantes e praticantes de Ayurveda, além de complementar os ensinamentos de textos mais antigos.


Este texto ocupa um lugar de destaque, pois reúne o conhecimento tradicional do Ayurveda em uma forma concisa e de fácil aplicação, sendo reverenciado tanto por sua base prática quanto por sua contribuição teórica.


O que é um Samhita?

Samhita é um termo sânscrito que significa "coleção" ou "compilação". No contexto da literatura védica e ayurvédica, Samhitas referem-se a textos clássicos que são coleções de ensinamentos, hinos, mantras, conhecimentos médicos e filosóficos.


Existem diferentes tipos de Samhitas, dependendo do campo de estudo:


Samhitas Védicos: No contexto dos Vedas, os Samhitas são as partes que contêm os hinos e mantras. Exemplos incluem o Rigveda Samhita, Yajurveda Samhita, Samaveda Samhita, e Atharvaveda Samhita. Esses textos são a base da sabedoria espiritual e ritualística védica.


Samhitas Ayurvédicos: No Ayurveda, Samhitas são tratados fundamentais que compilam os ensinamentos médicos e terapêuticos antigos. Eles contêm conhecimentos sobre doenças, tratamentos, dietas, anatomia, terapias preventivas e rejuvenescedoras, e outros aspectos de saúde. Exemplos famosos de Samhitas no Ayurveda incluem:


Charaka Samhita: Um dos textos mais antigos e reverenciados sobre medicina interna (Kayachikitsa), atribuído a Acharya Charaka.


Sushruta Samhita: Focado em cirurgia (Shalya Tantra), escrito por Acharya Sushruta.


Ashtanga Hridayam Samhita: Um texto essencial que aborda o Ayurveda de maneira sistemática, compilado por Acharya Vagbhata.


Esses textos formam a base do conhecimento ayurvédico até os dias de hoje e são reverenciados por sua sabedoria abrangente sobre saúde, doença e cura de diversos problemas de saúde.


Os Upadhatus Segundo Acharya Sharangdhara

Acharya Sharangdhara esclarece que os Dhatus são os tecidos fundamentais do corpo, e os Upadhatus são seus subprodutos ou sub-tecidos, apoiando sua formação e funções.


Os Upadhatus mencionados por Acharya Sharangdhara são:


  1. Stanya (Leite materno)

  2. Ārtava (Fluido menstrual)

  3. Sira (Vasos sanguíneos)

  4. Kaṇḍarā (Tendões)

  5. Twak (Pele)

  6. Vasa (Gordura muscular)

  7. Snayu (Ligamentos)

  8. Sandhi (Articulações)


Acharya Bhoja, outro estudioso do Ayurveda, apresenta uma lista ligeiramente diferente de Upadhatus, incluindo os já citados Sira, Snayu, Raja (sangue menstrual), Stanya e Twak. Essa diferença na enumeração destaca as perspectivas variadas dentro das tradições ayurvédicas.


Importância dos Upadhatus

Upadhatus na manutenção da saúde.


  • Um desequilíbrio ou viciação desses Upadhatus pode contribuir para várias patologias de doenças.

  • Upadhatus estão intimamente associados aos Dhatus, recebendo nutrição pelos mesmos processos metabólicos.

  • Eles desempenham um papel crucial na formação e no funcionamento adequado dos Dhatus.

  • Snayu, Sira e Twak são considerados "Nitya Bhavas," o que significa que estão presentes desde o nascimento.

  • Já Raja e Stanya são chamados de "Anitya Bhavas" e não estão constantemente presentes.


Upadhatus e Manifestações de Doenças

Doenças específicas relacionadas à viciação de diferentes Upadhatus:


  • Kandara (Tendões): Condições como Kandara Sandhigatavata (rigidez e dor nos tendões e articulações), Vatarakta (gota), Vishwachi (convulsões) e Khanjata (mancar).

  • Vasa (Gordura muscular): Prameha (diabetes) e Kushta (doenças de pele).

  • Twaka (Pele): Kushta (doença de pele), Pandu (anemia), Visarpa (erisipela) e Vatarakta.

  • Snayu (Ligamentos): Amavata (artrite reumatoide) e Sandhigatavata.

  • Ojas: Hatojas Jwara (febre devido à depleção de Ojas, a essência vital) e Ojonirodhaja Jwara (febre devido à obstrução de Ojas).


Relação com os Doshas

Há ainda uma importante relação entre os Upadhatus e os Doshas, as três energias fundamentais que governam as funções do corpo (Vata, Pitta e Kapha).


  • Vata Dosha: Principalmente associado a Kandra, Sira, Snayu, Sandhi e Twak, manifestando doenças através do Madhyama Rogamarga (canais intermediários do corpo).

  • Pitta Dosha: Afeta Twak, causando doenças através do Bahya Rogamarga (canais externos).

  • Kapha Dosha: Principalmente associado a Stanya e Vasa, manifestando doenças através do Bahya Rogamarga.


essa imagem retrata os conceitos do Ayurveda de forma detalhada e serena, incluindo elementos como a leitura de pulso (Nadi Pariksha) e as práticas tradicionais de preparação de remédios.

Conclusão

O conceito de Upadhatus é um aspecto fundamental do entendimento ayurvédico de fisiologia e patologia. Ao compreender o papel dos Upadhatus e sua relação com os Dhatus e Doshas, os praticantes de Ayurveda podem diagnosticar e tratar doenças de forma mais eficaz.




Sugestão de leitura

Escrevi sobre esses 8 livros de Ayurveda (em português), mostrando os prós e contras de cada um:




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Olá, que bom ver você por aqui!

Sou Dr. Alfio Sampieri, meu propósito com esse blog é compartilhar o conhecimento daquilo que é essencial quando falamos de saúde. Por isso apelidei o que faço de Medicina Minimalista. Vivemos em uma era de abundância de conhecimento, contudo ao mesmo tempo somos bombardeados por um excesso de produtos, coisas e informações irrelevantes e por vezes prejudiciais. Assim como você, um dia já me perguntei se aquele suplemento famoso ou medicamento de última geração eram realmente necessários para minha saúde e de meus pacientes. Por isso, meu compromisso é compartilhar tudo o que descobri nesse caminho com verdade e transparência. 

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