Gestante: 5 Plantas medicinais que você deve evitar completamente na gestação.
O uso de plantas medicinais durante a gravidez é um tema que requer atenção especial devido aos riscos potenciais que certas espécies podem representar para a saúde da gestante e do feto.
5 Plantas medicinais que a gestante deve evitar
Essas 5 plantas foram extensivamente estudadas em laboratório e já mostraram efeitos embriotóxicos, teratogênicos e abortivos. Por isso, devem ser evitadas durante a gestação.
Efeitos Embriotóxicos, Teratogênicos e Abortivos
As plantas medicinais podem conter substâncias químicas que atravessam a placenta e afetam o desenvolvimento do feto. Os efeitos mais preocupantes incluem:
1. Efeito Embriotóxico: Refere-se à capacidade de uma substância causar danos ao embrião em desenvolvimento. Isso pode ocorrer em dosagens que não afetam a mãe. A reação do embrião a agentes exógenos é influenciada pela sua constituição genética, o que pode levar a malformações ou morte embrionária (Araujo, 1998).
2. Efeito Teratogênico: Esse efeito está associado a anormalidades no desenvolvimento fetal. O risco teratogênico é mais crítico durante o período de embriogênese, quando ocorre a formação de órgãos. A exposição a teratógenos pode resultar em malformações congênitas, dependendo do estágio de desenvolvimento do embrião e da dose da substância (Schüler-Faccini et al., 2002).
3. Efeito Abortivo: O aborto é a interrupção da gravidez, que pode ser induzida por substâncias que promovem contrações uterinas ou que afetam a vascularização do feto, levando à sua morte (Fonseca et al., 1991; Hardy et al., 1994). Muitas plantas têm sido reconhecidas como abortivas, resultando em um alto número de casos de abortos espontâneos ou induzidos devido ao uso indiscriminado de chás e infusões (Farias et al., 1975).
Plantas Medicinais Específicas e Seus Riscos
Os artigos listam diversas plantas que apresentam efeitos embriotóxicos, teratogênicos e abortivos, por isso selecionei as 5 mais perigosas na gestação:
- Arruda (Ruta chalepensis): Conhecida por sua atividade anti-helmíntica, mas também associada a efeitos embriotóxicos e abortivos (Gonzales et al., 2006).
- Arnica (Arnica montana): Usada topicamente, mas pode ter efeitos teratogênicos se consumida de forma inadequada (Veiga Júnior et al., 2005).
- Boldo (Peumus boldus): Embora tenha propriedades digestivas, estudos mostram que pode ser teratogênico e abortivo, especialmente em altas doses (Matos, 2000).
- Eucalipto (Eucalyptus globulus): Utilizado em várias condições respiratórias, mas também apresenta riscos abortivos (Veiga Júnior et al., 2005).
- Cânfora (Cinnamomum camphora): Reconhecida por seu uso como antisséptico, mas considerada abortiva (Veiga Júnior et al., 2005).
Os estudos enfatizam que a automedicação com essas plantas pode ter consequências graves, especialmente durante o primeiro trimestre da gravidez, quando o feto é mais vulnerável (Brasil, 2002).
Conclusão
Dada a escassez de dados sobre a segurança do uso de plantas medicinais durante a gravidez e a potencialidade de efeitos adversos, a recomendação é que gestantes evitem o uso dessas substâncias sem a orientação de um profissional de saúde. Os artigos sublinham a necessidade de um maior conhecimento sobre os riscos associados ao uso de plantas medicinais e a importância da supervisão médica.
Existem diversas outras plantas que deveriam ser evitadas durante a gravidez. Nesse artigo, por exemplo, falo do efeito teratogênico que o chá de Ayahuasca mostrou em ratas Wistar. Foi por isso que criei esse plano de assinatura, onde abordo de forma aprofundada o estudo das plantas medicinais pela visão do Ayurveda e da Ciência.
Além disso, se você não prescreve plantas medicinais, mas tem curiosidade de saber os riscos e benefícios de cada uma, pode se beneficiar dos livros que recomendo abaixo. Existem 3 livros que toda pessoa que trabalha com plantas medicinais precisa conhecer:
Referências
Rodrigues, H.G. et al. (2011). "Efeito embriotóxico, teratogênico e abortivo de plantas medicinais". Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.13, n.3, p.359-366.
Mengue, S.S. et al. (2001). "Uso de plantas medicinais na gravidez". Revista Brasileira de Farmacognosia, 11(1):21-35.
ARAUJO, R.C. Estudo toxicológico das drogas. Correlação clinicopatologia. In: SILVA, P. Farmacologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. Cap.20, p.131-50.
SCHÜLER-FACCINI, L. et al. Avaliação dos teratógenos na população brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, v.7, n.1, p.65-71, 2002.
FONSECA, W. et al. Misoprostol and congenital malformations. The Lancet, v.338, n.2, p.56, 1991.
HARDY, E. et al. Características atuais associadas à história de aborto provocado. Revista Saúde Pública, v.28, n.1, p.82-5, 1994.
FARIAS, F.; SATURNINO, J.; NASCIMENTO, N. Aborto provocado: condições sócio-econômicas e culturais. Programa de Reprodução Humana. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1975. 102p.
GONZALES, J.R. et al. Efecto embriotóxico y teratogénico de Ruta chalepensis L. «ruda», en ratón (Mus musculus). Revista Peruana Biologia, v.13, n.3, p.223-5, 2006.
VEIGA JÚNIOR, V.F.; PINTO, A.C.; MACIEL, M.A.M. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, v.28, n.3, p.519- 28, 2005.
MATOS, F.J.A. Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. 2.ed. Fortaleza: Editora UFC, 2000. 344p.
BRASIL. Resolução SES no1757, de 18 de fevereiro de 2002. Contra-indica o uso de Plantas Medicinais no Âmbito do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 20 fev. 2002, v.27, n.33. Parte I.
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