Como Lidar com a Auto-Sabotagem?
Introdução
Esse talvez seja um dos temas que você mais ouviu bobagem na internet. É verdade que as inconsistências comportamentais provenientes da auto-sabotagem podem, sim, destruir sua vida inteira e colocar em risco ou até jogar no lixo toda sua vida profissional e pessoal. Mas a realidade é que muitas pessoas não têm a mínima noção do que é uma auto-sabotagem, como manejar auto-sabotagem e, principalmente, como ela explicar algumas coisas simples que acontecem no seu dia a dia, e tampouco sabem por que estão fazendo isso.
O Que é Auto-Sabotagem?
Exemplos de Comportamentos de Auto-Sabotagem
Por exemplo, por que você mente se sabe que é errado? Ou por que faz aquele comportamento específico e continua fazendo, mesmo sabendo que isso está gerando um malefício para você? A verdade é que, para entender sobre auto-sabotagem, precisamos entender sobre o self. O self, basicamente, seria o "eu" ou o senso de "eu".
As neurociências e as psicologias, vertentes de ambas as disciplinas, tentam há muito tempo caracterizar o que significa um "eu". E você, muito provavelmente, nunca pensou sobre quem é você.
Seja sincero comigo: quem é você?
Talvez você nunca tenha pensado nisso. Talvez pense: "Eu sou engenheiro, tenho 30 anos", ou "sou advogado e tenho 29 anos", ou "sou da região sul do Brasil", ou "Sou YouTuber com 200 mil seguidores" ou "Sou médico do PSF" e assim por diante. Mas isso não é você. Essas são características que colocam você no espaço-tempo, mas quem é você realmente?
A Questão da Identidade e Auto-Sabotagem
Eu não quero fazer um post muito filosófico aqui sobre quem é ou quem não é você. Quero simplesmente que você pense um pouco além do automatismo que acostumou a viver no dia a dia. Você, por exemplo, sabe quem você é de verdade? Vamos lá, você é uma pessoa impulsiva? Você se considera carinhoso? Você se considera uma pessoa raivosa? Você é introvertido ou extrovertido? Você é empático? Você é uma pessoa atenciosa ou egoísta? Isso define quem, de fato, é você.
As inconsistências desse "eu" — ou, nesse caso, desses "vocês" — quando colocadas num contexto que não tem nada a ver com quem de fato é você, começam a gerar uma sensação ou uma auto-percepção de auto-sabotagem.
Auto-Sabotagem: Identificando e Lidando com o Problema
Por que Nos Auto-Sabotamos?
Você acha que se sabota ou, talvez, de fato se sabota porque você é uma pessoa que está vivendo num contexto que não tem nada a ver com você. Vou te dar um exemplo: você é uma pessoa que quer fazer dieta, ou quer começar a parar de beber. Quer parar de consumir álcool, fumar, ou qualquer outra coisa. Mas você é uma pessoa um pouco mais impulsiva e nunca chegou a essa conclusão porque você não pensa. Você vive no automático, como 99% das pessoas.
Então, você tem um traço de impulsividade. Quer parar de usar álcool, começar a fazer dieta, mas, ao mesmo tempo, anda com pessoas que usam álcool e não fazem dieta, que estão a todo momento comendo um monte de coisas hipercalóricas na sua frente, bebendo na sua frente. É óbvio que vai existir uma inconsistência entre os dois itens, fazendo com que surja uma percepção de auto-sabotagem.
Quando o Contexto não Favorece
Essa percepção de auto-sabotagem, a nível funcional e prático, é: "Ah, eu quero tanto fazer dieta e parar de beber, mas eu não consigo. Eu fico só me auto-sabotando". Claro que você fica se auto-sabotando, porque você é uma pessoa que, por característica, é um pouco mais impulsiva. Quer ter como objetivo reduzir o consumo de álcool e melhorar a qualidade da sua dieta, mas, ao mesmo tempo, você convive num contexto onde isso não é favorecido.
Você pode extrapolar isso para diversas coisas. Por exemplo, você é uma pessoa que tem uma leve dificuldade de atenção, não consegue prestar muita atenção nas coisas ou demora mais tempo para entrar no momento de foco. Consequentemente, você demanda um ajuste para conseguir focar no seu trabalho ou estudo, que respeite esse traço de quem é você, que é a necessidade de maior esforço para focar e ter uma atenção mais concentrada.
O Impacto do Ambiente e da Atenção no Comportamento
A Desorganização do Ambiente
E aí você tem um ambiente de trabalho ou de estudo totalmente desorganizado, com o celular ao lado, brilhando, recebendo mensagens. O celular pisca, vibra e não sei o quê. Aí você achou que não era o suficiente e comprou um Smartwatch. É óbvio que você não vai conseguir ler um livro ou terminar uma planilha ou fazer um trabalho da universidade ou da escola, porque simplesmente você é algo, e você está habitando um contexto onde não tem nada a ver com aquilo.
É bem provável, se esse for o seu caso, que não vá conseguir se quer acabar de ler esse texto.
Consequência: A Percepção de Auto-Sabotagem
O resultado prático disso, novamente, será o quê? Auto-sabotagem.
Como Lidar com a Auto-Sabotagem?
Primeiros Passos para Compreender Auto-Sabotagem
Acho que o primeiro passo para você conseguir lidar com isso é, de fato, entender quem é você. Talvez você não vá fazer nenhuma reflexão, porque é difícil. E, sei lá, ao lado vai ter um vídeo de uma atriz pornô ou um podcast falando qualquer groselha sem importância alguma, e você provavelmente clica lá, atingindo sua dopamina, sua dose de suporte para o momento em que você está, de uma maneira mais simples.
Quando menos percebe está sabendo tudo sobre a vida dos famosos, do mundo da música, as tretas dos Rappers americanos, a escalação do seu time de futebol, mas dos rumos da sua vida... bem, esse assunto foi parar no ostracismo. Teus sonhos mais profundos estão no exílio e ficarão por lá até você acordar para a realidade.
Mas, se você é uma pessoa que quer tentar fazer uma reflexão um pouco mais profunda, o primeiro passo seria você tentar se compreender e se autoanalisar. Isso, muito provavelmente, já vai te colocar à frente de um número gigantesco de pessoas que simplesmente estão vivendo no automático e, consequentemente, vão continuar com esses comportamentos que geram percepções de auto-sabotagem.
Psicoterapia: Um bom Caminho
Agora, se você quer ir além e entender melhor tudo isso que falamos, e, principalmente, sobre como tentar não fazer a coisa errada no momento certo — ou seja, digamos assim, descolar essa inconsistência comportamental que você vem tendo, gerando essas percepções de auto-sabotagem — precisa conversar com alguém que entenda sobre a mente humana.
Meditação Vipassana: Uma Solução?
Se você não conhece a Meditação Vipassana, é uma técnica onde aprendemos ferramentas mentais para aplicar no dia a dia, melhorar o nosso comportamento, saúde e emoções de uma maneira geral. São ferramentas e conteúdos muito antigos passados através de uma linhagem contínua de monges e professores leigos, que hoje é ensinada no mundo todo. Saiba mais clicando no link abaixo:
Uma Ferramenta para Inibir Comportamentos Auto-Sabotadores
Nos retiros de Meditação Vipassana eu aprendi na prática como funciona o processamento emocional em meu cérebro e, principalmente, como é possível criar um contexto onde você seja um pouco mais racional, baseado na visão da realidade como ela é, de forma a inibir esses comportamentos auto-sabotadores ou esses pensamentos que geram auto-sabotagem em minha vida.
O ponto inicial é, de fato, você se autoconhecer. Lá, a gente tenta esmiuçar isso de uma forma mais prática, observando a respiração e as sensações no corpo. Todas as noites temos as palestras do professor S.N Goenka explicando sobre a técnica e como as pessoas no tempo do Buddha compreendiam as áreas da mente e como elas interpretam e reagem às informações captadas pelos sentidos e geram nossas emoções, reações e comportamentos.
Mensagem Final: O Caminho Para o Autoconhecimento
Se você tiver interesse, considere visitar a página Oficial do Vipassana no Brasil e se inscrever para um retiro de 10 dias. Nesse post aqui eu falo sobre minha experiência e Como se adaptar a mudanças, pois isso tem tudo a ver com a meditação Vipassana e Autoconhecimento.
Agora, se você acha que isso aqui é bobagem e que você não se auto-sabota, fique à vontade para continuar se sabotando, fechando essa página agora mesmo e ignorando todo esse conteúdo.
Pontos Principais desse texto
Auto-sabotagem pode afetar sua vida pessoal e profissional.
Entender quem você é é o primeiro passo para lidar com a auto-sabotagem.
Contexto e ambiente influenciam muito em como nos comportamos e nas percepções de auto-sabotagem.
Autoconhecimento, mudança do contexto, psicoterapia e meditação vipassana são ferramentas importantes para evitar comportamentos auto-sabotadores.
Vou deixar a indicação de dois livros que abordam um assunto relacionado a esse de forma brilhante:
"Nação Dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar" é um livro escrito por Anna Lembke, uma psiquiatra e especialista em dependências. A obra explora a relação entre o prazer, a dopamina (o neurotransmissor associado ao prazer) e a epidemia de dependências modernas, que vão desde substâncias até comportamentos, como uso excessivo de tecnologia.
Resumo dos principais pontos do livro:
O papel da dopamina: Dra. Lembke explica como a dopamina é fundamental para a sensação de prazer e motivação, mas alerta que o consumo excessivo de prazeres instantâneos pode levar a uma desregulação desse sistema, resultando em um ciclo vicioso de busca por mais prazer.
A cultura do prazer: O livro discute como a sociedade contemporânea prioriza a busca por prazer imediato e gratificação instantânea, o que pode nos afastar de experiências mais significativas e profundas.
Consequências da busca por prazer: A autora argumenta que a sobrecarga de estímulos prazerosos resulta em aumento da ansiedade, depressão e solidão, contribuindo para a infelicidade geral.
Caminhos para a mudança: Lembke propõe estratégias para restaurar o equilíbrio, incluindo a prática da abstinência, a busca por prazeres mais saudáveis e sustentáveis, e a valorização de conexões sociais e experiências significativas.
Estudos de caso e evidências: O livro é enriquecido com relatos de pacientes e pesquisas que ilustram os impactos negativos do consumo excessivo de prazer, além de fornecer uma base científica para as ideias apresentadas.
"Nação Dopamina" é um convite à reflexão sobre nossas escolhas de vida e a busca por um equilíbrio saudável entre prazer e bem-estar. A autora fornece insights sobre como podemos reavaliar nossas relações com os prazeres e encontrar um caminho mais satisfatório e significativo na vida.
Outro livro também muito interessante para aprender a lidar com o vício em pornografia ou busca incessante pelo prazer é esse:
"Vício: O Reino dos Fantasmas Famintos", um livro escrito por Gabor Maté, um médico e especialista em dependências, que oferece uma análise profunda e compassiva sobre o vício e suas origens. Maté combina pesquisa científica com experiências pessoais e profissionais para explorar a natureza complexa da dependência, desafiando estigmas e preconceitos frequentemente associados a pessoas viciadas.
Resumo dos principais pontos:
A natureza do vício: Maté argumenta que o vício não é simplesmente uma questão de moralidade ou fraqueza de caráter, mas uma condição profundamente enraizada em fatores biológicos, psicológicos e sociais. Ele apresenta o vício como uma resposta a dores emocionais e traumas não resolvidos.
Fatores de risco: O autor discute como experiências adversas na infância, como abuso, negligência e trauma, contribuem para a formação de vícios na vida adulta. Ele enfatiza que esses "fantasmas famintos" se alimentam da dor emocional, levando os indivíduos a buscar alívio através de substâncias ou comportamentos.
A relação entre mente e corpo: Maté explora a conexão entre a saúde mental e física, sugerindo que o vício está frequentemente ligado a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Ele enfatiza a importância de abordar esses problemas de forma holística para promover a recuperação.
Caminhos para a recuperação: O livro propõe uma abordagem compassiva e baseada na compreensão para a recuperação, enfatizando a necessidade de apoio emocional, terapia e conexão social. Maté defende que o tratamento deve focar nas causas subjacentes do vício, em vez de apenas tratar os sintomas.
Desafios e estigmas: Maté critica o estigma associado ao vício e a forma como a sociedade tende a marginalizar aqueles que lutam contra a dependência. Ele destaca a importância de uma mudança de perspectiva, considerando os viciados como indivíduos que necessitam de compaixão e compreensão.
"Vício: O Reino dos Fantasmas Famintos" oferece uma visão abrangente e empática sobre a dependência, desafiando as percepções tradicionais e apresentando um caminho para a recuperação que se concentra na cura emocional e na compreensão. A obra de Maté é uma leitura essencial para profissionais de saúde, familiares e todos que buscam entender melhor o complexo fenômeno do vício.
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